Os empreendedores devem estar atentos ao aumento do volume de crédito que vem sendo concedido pelo governo federal. Para se ter uma ideia, de 2009 para 2010, o BNDES dobrou o crédito para as micro e pequenas empresas (MPEs), de R$ 11,6 bilhões para R$ 23,7 bilhões. Neste cenário, saber identificar boas oportunidades, ter planejamento dos negócios e estar bem informado são os quesitos mais importantes para quem pretende captar recursos, de acordo com Fernando Gameleira, diretor da Commutare, empresa parceira do escritório Álvaro Cravo Advogados.
Informação vale dinheiro
Antes de tudo, vale conhecer as entidades que disponibilizam tais recursos, bem como ficar atento aos editais. Grande parte dos empresários de pequenas e médias empresas nem ao menos sabe que eles existem e que estão disponíveis. “Uma empresa que utiliza recursos próprios e se inicia descapitalizada já começa da forma errada, comprometendo a saúde financeira do negócio. Ou, quando resolve buscá-los, desconhece as regras do jogo”, avalia o consultor, que é International Master Trainer do seminário de empreendedorismo EMPRETEC, desenvolvido pela ONU e aplicado no Brasil pelo SEBRAE, além de consultor da FCDL-RJ (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas) e do SESCON-RJ.
A falta de um planejamento consistente pode colocar tudo a perder. “Ninguém quer emprestar dinheiro para uma empresa desorganizada. Aliás, você emprestaria dinheiro nessas condições?”, provoca o especialista, que foi conselheiro do Roberto Justos no reality show Aprendiz – O Sócio e é professor do MBA Gestão de Negócios e Inteligência Competitiva da ESPM.
É fundamental buscar informações para saber se o projeto se adequa às linhas de crédito disponibilizadas. Caso a sua empresa não seja inovadora, não adianta pleitear recursos do Prime (Primeira Empresa Inovadora), da agência de fomento FINEP (Financiamento de Estudos e Projetos).“Seria perda de tempo. Depois, tem que considerar a sua capacidade de pagamento, de acordo com a estratégia comercial da empresa e do fluxo de caixa”, aconselha Fernando Gameleira. Geralmente, as linhas de crédito oferecem uma carência, pois partem do princípio de que este período estendido para pagamento é fundamental para o sucesso do negócio e do retorno do investimento.
De acordo com informações da FEBRABAN, com dados do Banco Central, as linhas de crédito mais procuradas pelos empreendedores de micro e pequenas empresas são as de capital de giro, correspondendo a 47,9%. Em seguida, leasing e aquisição de bens – com 11% – e conta garantida – 10%. “Ter capital de giro é uma questão de sobrevivência. Assim como se faz uma previsão de investimentos iniciais para a montagem do negócio, o capital de giro tem que ser pensado e programado desde o início. Quem começa errado, tem muito mais chances de não sobreviver”, explica Fernando Gameleira. Interessados em buscar financiamento de capital de giro precisam saber que o limite é definido conforme a capacidade de pagamento da empresa.
Muito se fala também sobre os recursos a fundo perdido. Para as empresas privadas, o BNDES disponibiliza também esse tipo de crédito aos projetos ligados a inovações, preservação de acervos, proteção ao meio ambiente, entre outros. “É preciso estudar as regras criteriosamente para avaliar a possibilidade de adequação do seu projeto, se ele tem caráter estratégico para o país ou irá beneficiar a uma área geográfica específica”, informa o consultor.
Certifique-se
Não deixe de consultar um advogado especialista, para que ele possa auxiliar na análise dos requisitos do edital, condições impostas pelas instituições cedentes, observando, principalmente, cláusulas como: prazo do contrato, condições de pagamento, multas por eventual atraso ou rescisão antecipada e sanções por descumprimento das metas do projeto. “Os empresários, principalmente os pequenos, se preocupam muito com a captação do recurso em si e esquecem, muitas vezes, de verificar as condições do contrato – o que a médio e longo prazo pode trazer sérios prejuízos para a empresa, especialmente se ela estiver utilizando esse capital para início das atividades ou expansão do negócio”, explica Álvaro Cravo, advogado, sócio do escritório Álvaro Cravo Advogados.
Prepare-se
A documentação varia de acordo com a entidade que está disponibilizando o recurso, mas um plano de negócios, os registros financeiros da empresa ou uma projeção de faturamento serão sempre exigidos. Como primeiro passo, os empreendedores podem acessar o site do SEBRAE e baixar um software de plano de negócios, que é bastante completo e consistente (veja o link no final deste texto). “Porém, não existe uma forma única de fazer o plano para captar recursos e cada entidade exige que ele seja adequado aos seus parâmetros e exigências. Ter um plano de negócios já pronto facilita – e muito – a vida do empreendedor, pois fazer adequações é bem mais fácil do que começar do zero”, recomenda Fernando Gameleira.
Fique atento!
– De acordo com o Ministério do Turismo, em 2010, o crédito concedido às empresas do setor foi de R$ 6,67 bilhões – um aumento de 86% em comparação a 2008, por conta dos eventos esportivos internacionais no Brasil: Copa do Mundo e Olimpíadas.
– O PSI (Programa de Sustentação do Investimento) do BNDES foi prorrogado até dezembro. Ele tem o objetivo de estimular a produção, aquisição e exportação de bens de capital e a inovação tecnológica.
Mais informações:
Álvaro Cravo Advogados – contato@alvarocravo.adv.br
Commutare – A Commutare pode ajudar o empreendedor a identificar recursos para a área de atuação da empresa, dar consultoria para elaboração do Plano de Negócios e participar da estratégia de montagem do plano de captação de recursos. www.commutare.com.br
Plano de negócios – No site do SEBRAE é possível baixar um software para o planejamento dos negócios. Ele pode servir de base para o empresário ou especialista contratado adequar ao tipo de linha de crédito.